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A Imagem do Sensível

3 abr

Impacto. A publicidade, os programas de televisão, os filmes, as músicas, os shows e muitas outras coisas procuram causar um impacto a quem está recebendo a mensagem. Mas de que forma essa processo ocorre na mente das pessoas?

O texto “A imagem sensível” de Éric Messa, explica a questão do sensível, que pode ser interpretado como aquilo que nos chama a atenção por ser algo novo conseqüentemente provocando emoções. Segundo, a teoria de Pierce sobre fenomenologia, que explica como os fenômenos são apreendidos na nossa mente, o teórico divide isso em três estágios: o de primeiridade que é a fase do sentimento sem reflexão, do pré-sentido, do imediato, ou seja, o choque diante daquilo que é presenciado; a secundidade inicia-se quando comparamos com o nosso repertório, começamos a pensar, é o estágio da reação e se torna terceiridade quando interpretamos o tal. Mas de que modo podemos associar estes três estágios com a questão do sensível?

O sensível está associado à fase de primeiridade. Aplicamos este conceito através da linguagem hipermidiática, que é utilizada nos meios digitais e desfruta sempre de duas ferramentas que podem ser a imagem, o texto e o som. Deste modo, produzimos a chamada hiperimagem, que difere de uma imagem ilustrativa, pois ela deixa de ser apenas estampa. Em meio a uma sociedade que cultua a imagem, podemos dizer a hiperimagem não deve ser interpretada com uma super valorização, mas ao contrário, agora ela gera uma interatividade com o espectador, pois é necessária a mistura dos sentidos, não é só mais o olhar, é completamente um signo de primeiridade, porque causa o mais puro estranhamento, e após o estranhamento cada receptor interpreta da maneira que quiser, e o que seria secundidade se transforma em terceiridade muito rápido.

Onde queremos chegar, é que estamos caminhando para uma era em que a imagem é utilizada junto aos textos, pois assim teremos um melhor entendimento do receptor, e como já dizia Vilém Flusser: “… o pensamento imagético está se tornando capaz de pensar conceitos”, um dia seremos capazes de ler as imagens.

A Filosofia da Caixa Preta

23 fev

Vilém Flusser (1920-1991) foi um grande filósofo nascido na Tchecoslováquia que durante a Segunda Guerra Mundial se mudou para o Brasil para fugir do nazismo, onde viveu por mais de 30 anos, e em 1950 se naturalizou brasileiro. Em 1983, no Brasil, Flusser escreveu a obra “A filosofia da caixa preta: Ensaios para uma futura filosofia da fotografia”, que é a obra que iremos analisar. Após a Revolução Industrial (Inglaterra – 1750) o homem passou a ser refém das máquinas e posteriormente da tecnologia, o que Flusser diz é que nos tornamos funcionários da Caixa Preta, pois não estamos interessados no que se passa dentro da máquina, somos apenas operadores dela, ela é um sistema e nós funcionamos em funções deste sistema, sendo assim, nos tornamos alienados. Por essa alienação surgiu o mundo padronizado, e para que possamos despadronizar deveríamos “branquear” a caixa preta, criando novas linguagens, o que chamaríamos de fora do padrão. Ele dá o exemplo da fotografia, o fotógrafo tem a certeza de que ele está produzindo algo novo, mas ele está usando uma máquina que está programada para realizar certo comando, o que o torna padronizado. Pois o fotografo não está preocupado como a maquina realmente funciona, e sim preocupado com o resultado, a foto. Ele só poderia ser livre em suas fotografias se conhecesse a fundo o interior da máquina, para que assim pudesse jogar contra as regras que essa impõe. No ultimo capitulo no livro chamado “A urgência de uma filosofia da fotografia”, Flusser fala da importância da criação de uma filosofia da fotografia, para que assim existisse uma liberdade no ato de fotografar. Sendo assim Vilém Flusser constata que precisamos branquear a caixa preta para que possamos comandar as maquinas, e não ser comandados.